terça-feira, 6 de novembro de 2012

Beleza Adormecida (Sleeping Beauty)


Direção: Julia Leigh
País: Austrália
Ano: 2011





A diretora estreante Julia Leigh nos apresenta um filme despretensioso, com um tema polêmico, uma bela direção de arte, sobre desejo humano e oportunidades perdidas.
Lucy (Emily Browning) é uma garota com um passado sombrio e pouco comentado, que luta para sobreviver e pagar os estudos. Trabalha como ajudante em um escritório, como faxineira em um bar, como cobaia em um laboratório e como prostituta. Logo a protagonista vê a oportunidade de ganhar dinheiro “fácil” servindo bebidas de lingerie em um clube de velhos ricaços, com o tempo ela “sobe” de cargo e passa a ganhar simplesmente para dormir com os tais senhores; sob efeito de um chá exótico preparado pela “dona” do clube, Clara (Rachael Blake) ela passa as noite desacordada sendo usada e abusada pelos clientes.


O longa possui uma premissa lenta com câmeras sempre paradas com leves movimentos da direita para esquerda (e vice versa). Os excessivos planos sequência exigem dos atores excelentes atuações. Emily Browning está entregue a seu personagem: Lucy é uma garota bastante fria e misteriosa. Ela não possui um objetivo específico e nunca se mostra satisfeita ou insatisfeita, quando queima uma nota de $ 100,00 dólares fica subliminar seu desprezo pelo poder e pela sociedade em si. Seu corpo magérrimo e branco quase sempre nu, combina perfeitamente com o figurino das cenas. Destaque para o monólogo de Peter Carrol; em uma cena onde a quarta parede é rompida, seu personagem filosofa sobre a vida, os prazeres e os arrependimentos de um homem velho.


Beleza Adormecida é um filme para poucos. Um filme que incomoda pela sua falta de pudor e irrita pelo tempo devagar e não linearidade, porém não perde em seu objetivo principal: uma reflexão sobre os prazeres humanos e seus limites.

Gustavo Halfen

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Cosmópolis (Cosmopolis)


Direção: David Cronenberg
País: França, Canadá, Portugal
Ano: 2012




Alguns acreditam que o diretor David Cronenberg esteja se levando muito a sério, porém é inegável que mesmo podendo estar na inércia como muitos diretores da sua época, Cronenberg continua em transformação.
Baseado no romance homônimo de Don Delillo, Cosmópolis conta a saga do bilionário Eric Parker (Robert Pattinson) tentando atravessar Nova Iorque para cortar o cabelo enquanto que a cidade está tomada de caos e rebeliões com a chegada do presidente dos EUA. O filme que deveria ser uma ficção nos mostra que o futuro é agora. Com a nova onda de automação em tudo que possa ser ligado e desligado, dentro de sua limousine, Eric controla tudo e a todos: investe em ações, consulta investidores e controla toda a sua fortuna por um pequeno computador acoplado em seu automóvel. Enquanto isso, fora do automóvel, a violência, os protestos e a proliferação do desespero tomam conta da cidade. Outros personagens entram no carro para discutir negócios e acabam passando por uma espécie de sessão terapêutica avaliada por Eric Parker.


A sensação de limpeza e artificialidade do longa, nos dá a sensação de uma vida plástica que Eric leva, onde os poucos momentos de realidade são vivenciados através da violência; característica dos filmes do diretor.


A atuação de Robert Pattinson é aceitável, o ator nos passa a sensação de alguém com pouca expressividade em suas feições, chegando a ter um leve gosto ao caos.
Embora o filme trate a cerca de vários temas: tecnologia, sociedade, relacionamento, os diálogos são bastante cansativos e verborrágicos trazendo uma sensação de vazio no filme, característica talvez mais interessante e discutível do longa.



Gustavo Halfen