quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros (Abraham Lincoln: Vampire Hunter)


Direção: Timur Bekmambetov
País: EUA
Ano: 2012





Adaptações que misturam realidade e ficção, onde fatos históricos são revelados como pretexto para camuflar e/ou expor algo sobrenatural sempre me fascinaram. As lendárias estórias que vampiros sempre existiram a pertenciam a maçonaria e a outras organizações de conspiração, quase sempre obtiveram sucesso e nos trouxeram um pouco de fantasia na história da humanidade. Seth Grahame-Smith autor do livro adaptado ao cinema, a pouco tempo lançou um livro chamado Orgulho e Preconceito e Zumbis que se tornou um dos mais vendidos dos EUA, onde ele debocha do romance da escritora Jane Austen e faz uma crítica metafórica a sociedade. Porem no longa roteirizado pelo mesmo autor, ele exacerba o patriotismo estadunidense e apresenta uma estória mal contada.


Na trama, Abraham Lincoln (Benjamim Walker) vê sua mãe ser assassinada por um vampiro e dedica-se a se tornar um caçador destes seres sobrenaturais. Lincoln cresce e se torna presidente dos EUA e a guerra da sucessão na verdade é uma luta contra estes seres malignos e pela liberdade dos negros, onde o bem (EUA) luta contra o mal.

Além de uma estória oportunista de patriotismo chavão, a forma que a narrativa se desenvolve é péssima, as informações são “vomitadas” rapidamente e a todo momento novos personagens são inseridos. Os efeitos especiais são terríveis para um filme de um orçamento de 70 milhões de dólares, e as cenas de luta são camufladas por cortes excessivos. Nem os atores conseguem salvar o filme; o protagonista herói estadunidense é um personagem superficial e sem sal.



Estréia dia 31 de agosto nos cinemas.

Gustavo Halfen

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

THX 1138


Direção: George Lucas
País: EUA
Ano: 1971




É notável quando a intenção de um diretor cinematográfico é de entretenimento e quando é de incômodo. A forma como THX 1138 foi filmado utilizando ambientes minimalistas com exageros na cor branca, vozes robóticas e tranqüilas com intenções cínicas e definições de pessoas e situações através de números, transparece para o espectador a sensação de uma frieza escalafobética e de um futuro apocalíptico.


Ao início do longa temos a exibição de um trailer de um filme sobre um homem que vai para o futuro e vê as maravilhas que a tecnologia aliada ao homem está fazendo; em seguida iniciam-se cenas de confessionários onde as pessoas imploram de forma depressiva para aumentarem suas dozes de remédios pois não conseguem se concentrar, assim as cenas são cortadas pela metade e vários números e códigos são colocados na tela. Certamente George Lucas estava nos alertando de não sermos tão esperançosos com o futuro aliado as máquinas.


Na sociedade futurística criada por G. Lucas as pessoas vivem no subsolo da terra e são sedadas constantemente para não possuírem sentimentos, libido sexual e manterem sua concentração quando estão trabalhando e são observadas e controladas 24 horas por dia. Curiosamente os cidadãos constroem os robôs que serão depois usados para o controle ditatorial contra os próprios seres humanos. THX 1138 (Robert Duvall) é o nome de um cidadão comum vivendo no futuro. Ele mora com LUH 3417 (Maggie McOmie), uma companheira de apartamento escolhida pelas máquinas aleatoriamente. LUH pára de tomar suas medicações e intencionalmente começa a dar pílulas placebo para THX. Este percebe sua perda de concentração no trabalho e começa a questionar o modo de vida dos humanos nesta sociedade. Logo LUH e THX se apaixonam e decidem abandonar seus trabalhos e fugir para a crosta terrestre. THX é então acusado de perversão sexual, evasão farmacológica e transgressão. Separado de LUH ele fará o possível para burlar o sistema, fugir e encontrar LUH novamente.


É impossível não perceber as referências dos livros Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley) e 1984 (George Orwell), além de um profecia escatológica, o diretor faz uma crítica atemporal a nossa sociedade cada vez mais dependente de tecnologia e medicamentos e lentamente mais fria e controladora. THX 1138 tornou-se uma referência obrigatória até hoje aos filmes de ficção, notável de Blade Runner á Matrix.

Gustavo Halfen

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Rock of Ages: O Filme (Rock of Ages)


Direção: Adam Shankman
País: EUA
Ano: 2012




Existe um certo relacionamento de amor e ódio com musicais, pois são muitas as variáveis que podem decepcionar o espectador: a interpretação e voz dos atores, as danças, as músicas, o cenários e o contexto em si, claro! No caso de Rock of Ages a intenção é boa, os protagonistas são ruins, mas quem salva o musical são os coadjuvantes!



A estória se passa no final dos anos 1980 quando Sherrie (Julianne Hough), uma garota do interior dos EUA vai para Los Angeles tentar a sorte como cantora. Como de praxe, as coisas não saem como planejado e ela conhece Drew (Diego Boneta), um jovem garçom de uma casa de shows chamada The Bourbon Room, que sonha ser um rockstar e a leva para trabalhar com ele. Ambos os protagonistas são péssimos intérpretes que irão agradar talvez somente ao público mais jovem.



Mas quem rouba a cena mesmo são Tom Cruise, Russell Brand e Alec Baldwin; Tom Cruise se encaixou perfeitamente no papel de Stacee Jaxx, um lenda do rock, sex simbol, vítima da fama e alcoólatra em decadência. Alec Baldwin interpreta Dennis, o dono do The Bourbon Room que espera quitar suas dívidas com a produção do ultimo show do Arsenal (banda de Stacee Jaxx), já Russel Brand é Loony, o “braço direito” de Dennis que ajuda na produção dos shows; uma das partes mais cômicas do longa é relação homossexual de ambos os personagens que cantam juntos “Can`t Fight This Feelling Anymore”.



A intenção do longa é mostrar as várias vertentes do rock poser anos 1980, seu estilo de se vestir e o clima de Hollywood na época, além de o início de sua decadência com a chegada do pop no final da década. Vários mashups (junção de duas músicas em uma só) são executados de forma satisfatória durante o musical. As cenas de sexo e drogas são bastante sutis, devido ao publico alvo que o longa deseja atingir.



Quem gosta de musicais e é apaixonado pelos grupos de rock e seus hits dos anos 1980 pode se decepcionar com a trama principal enfadonha do filme, que talvez não se salve com as inusitadas situações passadas pelos coadjuvantes.

Estréia hoje, dia 24 de agosto nos cinemas!


Gustavo Halfen

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O Ditador (The Dictator)


Direção: Larry Charles
País: EUA
Ano: 2012
 


  
Comédias exageradas e com paródias costumam ser bobas e idiotas, e certa medida de humor negro pode muitas vezes irritar o público. Embora o humor negro de O Ditador seja mais que ácido, parece que o povo estadunidense ou não entende, ou gosta de ser zombado, pois tamanha ousadia do longa é de se esperar que muitos saiam da salas de cinema com o nariz torto; fato já ocorrido em Bruno (2009), filme do mesmo diretor.


Na trama, Aladeen (Sacha Baron Cohen) é um ditador caricato exatamente como a imprensa atual tentar mostrar-nos os “mega milionários” do oriente médio: egocentristas e idiotas que banalizam a morte, adoram armas nucleares e pagam para o obter toda e qualquer banalidade. Aladeen parte para os EUA com o intuito de fazer um discurso sobre sua não aceitação às condições impostas pela ONU para seu governo. Já em território yankee, o ditador é traído pelo seu “braço direito” que fez um trato com grandes petrolíferas capitalistas e é substituído por seu sósia.


Aladeen conhece então Zoey (Anna Faris), uma feminista libertária típica da atualidade: vegetariana de esquerda que possui uma loja de orgânicos onde abriga imigrantes. O impacto cultural entre os dois personagens resume todo o comportamento da população estadunidense no filme.


O preconceito contra imigrantes árabes nos EUA e o medo pós “11 de setembro” embora clichê, é o prato principal das piadas do filme de Larry Charles. Os deboches da cultura anglo saxônica vai desde as peças da Broadway à monumentos simbólicos e turísticos, passando por filmes como O Iluminado (Stanley Kubrick) e Rocky (John Avildsen). Indo além, o protagonista em seu principal discurso deixa claro que a república democrática não passa de uma ditadura, onde a imprensa parece livre, mas não é; adulteram-se as eleições; torturam-se prisioneiros estrangeiros; mentem sobre as guerras e usam imprensa para assustar o povo.


Embora O Ditador seja um filme caricato repleto de boas piadas, com um tema já bastante explorado, seu humor negro é extremamente reflexivo e sério e nos alerta a uma política externa estadunidense nada engraçada.

Estréia nos cinemas dias 24 de agosto.

Gustavo Halfen

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Videodrome – A Síndrome do Vídeo (Videodrome)


Direção: David Cronenberg
País: Canadá
Ano: 1983



Max Renn (James Woods) é dono de uma pequena estação de TV conhecida por passar programas de pornografia barata. Quando ele obtém acesso a vídeos de pornografia com excesso de violência e mortes, ele percebe que pode alcançar um novo nicho no mercado. Pesquisando a origem destes vídeos com a ajuda de Nikki Brand (Deborah Harry), uma jornalista investigativa, ele descobre que tais vídeos conhecidos por Videodrome possuem uma tecnologia avançada que causam danos cerebrais no telespectador fazendo-o viciar-se nos filmes e ser controlado pelos mesmos.



Cronenberg nos mergulha em um mundo onde a realidade e a alucinação se misturam de forma tão natural, impedindo-nos a definição da mesma. Embora bizarro, Max Reen entra na trama de forma intensa e séria, prendendo o espectador neste clássico moderno de terror sci-fi.


O diretor explora a realidade vivida no inicio da década de 1980 com uma metáfora do poder que a televisão e os outros meios de comunicação exerciam e exercem no comportamento e tendências da população. Com cenas de explícito bizarrismo; em uma cicatriz no ventre causada pelo Videodrome, Max dá a luz ora a uma arma, ora à fita que causa alucinações, conceituando a produção humana de mecanismos tecnológicos de autodestruição que vai de armamentos à entretenimentos.

Cartazes alternativos e de outros países.



Gustavo Halfen

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Corações Sujos


Direção: Vicente Amorim
País: Brasil
Ano: 2012



Após Segunda Guerra Mundial, o Brasil abrigava a maior colônia de japoneses do mundo. Provindos de um país repleto de diferentes culturas e grande orgulho nacionalista, os imigrantes nipônicos criaram suas próprias comunidades no Brasil. Com a notícia da redenção do Japão na guerra, a comunidade entra em conflito entre si, pois acreditar em tal desgraça é desonrar o Imperador Japonês. Logo surge uma gangue liderada pelo Coronel Watanabe impondo suicídio ou assassinato para os ditos desertores da bandeira oriental.

Takahashi (Tsuyoshi Ihara), ordenado pelo Coronel, passa a assassinar seus antigos companheiros utilizando uma espada e ao mesmo vai desconfiando das “verdades” ditas e escritas nos jornais sobre o fim da guerra. O conflito entre a verdade e a honra; o amor pela bandeira e o amor pela família se cruzam o tempo todo, pois a família de Takahashi desaprova os assassinatos. 

A distorção em certas imagens na tela nos dá um ar de confusão que o protagonista está inserido.
Recheado de belas imagens e cores e uma trilha sonora levemente maçante, Corações Sujos mistura um ar de western com um “quê” de samurai, em um drama vivido num Brasil conflitante; que além de seu contexto histórico nos remete a uma maturidade nos temas abordados pelo cinema nacional.



Estréia hoje dia 17 de agosto nos cinemas.

Gustavo Halfen

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Toda Prova (Haywire)


Direção: Steven Soderbergh
País: EUA, Irlanda
Ano: 2011



Se em “Confissões de Uma Garota de Programa” Steven Soderbergh utilizou uma atriz pornô para o papel da protagonista, em A Toda Prova ele chama para o papel principal a lutadora da MMA Gina Carano.


Mallory Cane (Gina Carano) é uma oficial de operações especiais militares de um grupo privado. Ao ser vítima de uma sabotagem de um dos integrantes do grupo, Mallory agora parte me busca de vingança e respostas.

Embora as cenas de luta corporal (protagonizadas por Gina Carano) sejam bem reais, os personagens são superficiais, e além de um roteiro sem grandes surpresas, a história em si não passa de um clichê barato de filmes de ação. Porém com qualidade a la Soderbergh; que desperdiçou  um grande elenco, que só serviu para atrair público.


Gustavo Halfen

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Jogos Vorazes (The Hunger Games)


Direção: Gary Ross
País: EUA
Ano: 2012
Nota: 8,0


Faz muito tempo que as adaptações ao cinema de livros modernos seguem receitas que agradam somente adolescentes; como a saga Crepúsculo onde romances baratos e um tema vazio tornam os filmes sem conteúdo mesmo que satisfazendo o orçamento da produção. Porém uma nova transposição de uma obra literária ao cinema vem a nos trazer esperança: Jogos Vorazes!


Na trama, em um futuro próximo, os EUA está dividido em 12 distritos e a capital, que após uma rebelião dos distritos; estes vivem em plena ditadura imposta. E para relembrar os distritos da superioridade da capital, foi criado os Jogos Vorazes onde dois adolescentes são escolhidos de cada distrito para lutarem em uma arena até a morte, onde somente um participante sobreviverá.


A estória do longa se passa ao redor de Katniss (Jennifer Lawrence), provinda do distrito 12 (o mais pobre), ela é uma excelente caçadora com o arco e flecha, que irá participar dos “Jogos”. Ao início dos jogos é interessante notar que a maior parte da luta não é de Katniss contra os outros participantes, mas sim contra o sistema.


Jogos Vorazes pode ser considerado o Admirável Mundo Novo da nova geração, repleto de metáforas da nossa época, o longa (e o livro) discute autoridade e ditadura, culto a celebridades e programas de televisão.


Gustavo Halfen

sábado, 11 de agosto de 2012

Fome (Hunger)


Direção: Steve McQueen
País: Reino Unido, Irlanda
Ano: 2008
Nota: 8,5



Em 1981 os carcerários terroristsa do grupo IRA reivindicando obterem o status de presos políticos, iniciaram uma rebelião baseada em greve de fome, banho, não uso de uniformes e não uso de banheiro para as necessidades humanas. Bobby (Michael Fassbender) é um dos lideres da rebelião.


Repleto de violência crua, que se destaca pelo realismo, em sue primeiro longa, o diretor Steve McQueen nos presenteia com uma obra que além de criticar o sistema carcerário irlandês, possui as melhores atuações da década, planos longos e silenciosos representando detalhes do dia a dia da prisão vivendo sob tal forma de rebelião. Um dos filmes que revelou Fassbender à Hollywood; o ator interpreta um prisioneiro que faz greve de fome por 66 dias ficando extremamente doente, magro e cheio de feridas pelo corpo. 

O silencio na maior parte do filme é quebrado em um diálogo em plano sequência com a câmera parada por aproximadamente 15 minutos mostrando Bobby contando seus planos a um padre; neste momento além de revelar a perseverança admirável do personagem líder da rebelião, temos também o conflito religioso que a Irlanda estava passando na época.

Steve McQueen em seu primeiro longa metragem já se revela um dos diretores promissores da nova geração.

Gustavo Halfen